quarta-feira, 7 de julho de 2010

MORFOLOGIA VEGETAL

A morfologia vegetal, uma das bases da botânica, tem por objetivo estudar e documentar formas e estruturas das plantas. Utilizada, dentre outras coisas, no auxílio à classificação de plantas (também conhecido como sistemáticas) e na fisiologia vegetal.

1. RAIZ

1.1- Funções básicas
· Fixação ao solo;· Extração de água e sais minerais;

1.2- Tipos de raízes

a) Pivotante ou axial – raiz com um eixo principal a partir do qual surgem ramificações (raízes secundárias). Ocorre nas dicotiledôneas.
b) Fasciculada ou cabeleira – não apresenta uma raiz principal, as ramificações partem do caule e apresentam aproximadamente o mesmo tamanho. Ocorre nas monocotiledôneas.


Raiz pivotante:











1.3- Morfologia externa (regiões da raiz)




1. Zona suberosa ou de ramificação – formada por células cobertas por suberina e é nela que ocorre o surgimento das ramificações (raízes secundárias).

2. Zona pilífera – apresenta projeções epidérmicas (pêlos absorventes) que atuam na absorção de água e sais minerais do solo. 3. Zona lisa, de crescimento ou alongação – nesta região as células se alongam e provocam o crescimento da raiz.

4. Zona meristemática – atua na multiplicação celular que possibilita o crescimento da raiz.

5. Coifa – estrutura coniforme que atua na proteção do meristema primário.

1.4- Morfologia interna da raiz

a) Estrutura primária – resultante do meristema primário possui três regiões:
Epiderme – atua na proteção.
Córtex ou casca – abaixo da epiderme é nela que há várias camadas de células formando o parênquima cortical. Cilindro central – representa a parte mais interna da raiz onde se posicionam o xilema e o floema, além de fibras e parênquima.



1 - pêlo absorvente 2- epiderme 3- córtex 4- endoderme 5- periciclo


*Endoderme - trata-se de uma camada de células justapostas na região mais interna do córtex e ao redor do cilíndro central. *Periciclo - conjunto de células que corresponde a camada mais externa do cilindro vascular. Tem origem do procâmbio e possui células indiferenciadas que podem dar origem a outras estruturas como raízes adventícias.


1.5- Tipos especiais de raízes
Raiz-suporte – são encontradas em plantas que vivem em terrenos não muito firmes. Exemplo: raiz do milho.
Raiz-tabular – os ramos radiculares fundem-se com o caule formando verdadeiras tábuas. São encontradas em árvores de grande porte. Exemplo: raiz do ficus.
Tuberosa – raiz que armazena reserva de alimentos. Exemplo: raiz de beterraba.
Pneumatóforos ou raízes respiratórias – facilitam a respiração de plantas submersas, pois emergem em direção ao ar onde apresentam pequenos orifícios, os pneumatódios.. Exemplo: raiz de Avicennia, comum nos manguezais.
Raiz aérea – são raízes que podem crescer vários metros antes de atingir o solo. Exemplo: raízes de Rhizophora e de orqídeas. Raiz-sugadora ou haustório – penetram na planta hospedeira para retirar seiva. Exemplo: raiz do cipó-chumbo (holoparasita) e raiz de erva-depassarinho (hemiparasita).



2- MORFOLOGIA DO CAULE

2.1- Funções básicas – é uma estrutura de intercâmbio entre a raiz e a folha, além de ser local de inserção de ramos, das próprias folhas e raízes, além de flores e frutos.

2.2- Tipos de caules
a) Tronco – ereto, lenhoso e com ramificações. Ocorre em mangueira, por exemplo.
b) Estipe – ereto sem ramificações e com folhas, apenas no ápice. Observado nas palmeiras.
c) Colmo – ereto, cilíndrico e com nós e entrenós bastante evidentes. Presentes na cana de açúcar, bambu, milho etc.
d) Haste – caule delicado e não lenhoso. Verificado no feijoeiro.

Alguns caules apresentam adaptações especiais. Veja alguns:




Volúvel - cresce enrolando-se em um suporte. Ex.: uva, chuchu, maracujá etc.

Estolhão ou estolhão - caule aéreo rastejante e com enraizamento em diversos pontos. Ex.: morangueiro.

Rizoma - caule subterrâneo que se desenvolve paralelamente à superfície do solo. Ex.: bananeira.

Bulbo - é ao mesmo tempo caule e folha subterrânea. Ex.: cebola (prato - caule e catafilos - folhas), alho.

Cladódio - caule aéreo modificado com função fotossintética e de reserva de água. Ex.: cacto.

Tubérculo - caule subterrâneo com função de armazenamento. Ex.: batata inglesa ou batatinha.


2.3- Morfologia interna – a estrutura meristemática assemelha-se a da raiz, com pequenas distinções:
· Presença de primórdios foliares que apresenta nas axilas as gemas axilares, no caule.
· Ausência de caliptrogênio e de periciclo, exclusivos da raiz.

3- MORFOLOGIA DA FOLHA
3.1 - Funções da folha – a folha é um órgão laminar, clorofilado e especializado na fotossíntese e transpiração.

3.2 – Morfologia externa - a folha completa apresenta as seguintes partes:
· Limbo - trata-se da região laminar da folha.
· Pecíolo -
liga o limbo à bainha.
· Bainha -
prende a folha ao caule.
· Estípulas -
protegem o meristema das folhas jovens.

. Nervuras - por onde passam o xilema e o floema.

3.3 – Morfologia interna
· Epiderme - com muita cutícula na região superior e grande número de estômatos na região inferior.
· Parênquimas Paliçádico com células clorofiladas e organizadas em paliçadas e Lacunoso com disposição menos densa deixando espaços que permitem uma maior aeração e com menos cloroplastos.

3.4 – Modificações das folhas
· Espinhos -
são folhas modificadas e adaptadas para reduzir a perda excessiva de água, além de atuar na proteção. Ex.: ocorre em cactos.
· Brácteas -
são folhas modificadas que auxiliam na proteção das flores e atuam (as coloridas) atraindo agentes polinizadores, como os insetos. Ex.: observada em primavera.

· Gavinhas - são modificações que, em caules frágeis, possibilitam ampliar o suporte do vegetal. Ex.: acontece em ervilha.
· Catafilos
- atuam na proteção das gemas e no armazenamento de substâncias. Ex.: verifica-se na cebola.

Cotilédones - cumprem uma função especial para a subsistência deste ser vivo, contribuindo com suas reservas de nutrientes para alimentar a plântula em desenvolvimento

























4- Tecidos adultos (primários e secundários)

4.1- Revestimento ou Proteção
a) Epiderme – atua na proteção e é encontrada em toda a planta e apresenta grande quantidade de diferenciações:
· Estômatos - estruturas que atuam nas trocas gasosas e no controle da transpiração. É constituído por duas células guardas (clorofiladas) que controlam a abertura de um orifício (ostíolo).
· Tricomas ou pêlos - são estruturas que atuam normalmente para reduzir a perda de água, porém pode atuar como estrutura secretora (em plantas carnívoras secretam enzimas digestivas e produz substâncias urticantes em urtigas).
· Escamas - são modificações dos próprios pêlos e adaptas à economia de água.
· Acúleos - são estruturas pontiagudas com função de proteção.

4.2- Estruturas secretoras
a) Hidatódios -
são estruturas responsáveis pela eliminação de água e sais minerais (seiva bruta), isso quando as plantas se encontram em condições especiais (muita umidade no ar e solo rico em água.

b) células secretoras - produzem alcalóides, taninos, cristais etc.

c) Tubos laticíferos - produzem o látex que atua na cicatrização vegetal e é utilizado pelo homem na indústria para a produção de borracha.

d) Nectários - responsável pela síntese de néctar, substância açucarada que acaba atraindo agentes polinizadores.

4.3 – Tecidos fundamentais
a) Parênquima – atuam na proteção, assimilação, reserva e secreção. Veja os principais:

Parênquima clorofiliano - atua na fotossíntese.

Parênquima de reserva - armazena principalmente amido.

Parênquima aqüífero - armazena água.

Aerênquima - armazena ar (comum em plantas flutuantes)

b) Colênquima – é um tecido de sustentação constituído por células vivas.

c) Esclerênquima - é um tecido de sustentação que apresenta lignificação das células que acabam morrendo.

4.4 – Tecidos condutores
a) Xilema – conduz seiva bruta (água e sais minerais). Os elementos principais relacionados com o transporte da seiva são os traqueídeos.
b) Floema – conduz a seiva elaborada (água e glicose). Apresentam os elementos crivados e as células companheiras como principais estruturas.



CURIOSIDADES: o uso de raiz e caule pode ser usado para a preparação de chás, como mostramos nos exemplos abaixo:

NOME POPULAR


NOME CIENTÍFICO

PARTE DA PLANTA
UTILIZADA

MANEIRA
DE USAR

ALGUMAS INDICAÇÕES
CLÍNICAS

Angelim de mata

Hymenolobium excelsum

Folhas e raiz

Chá, vinho

Folha: sedativo, purgativo, e diurético:
raiz: epilepsia e icterícia.

Angico

Piptadenia macrocarpa Benth

Casca e caule

Xarope

Bronquite

Arnica-do-campo

Camarea ericoides St. Hil

Raiz

Chá

Bronquite, sífilis, anemia,
disenteria e coqueluche.

Aroeira

Astronium urundeuva (Fr.All)Engl.

Casca do caule

Emplasto

Fraturas

Assa-peixe

Vernonia ferruginea Less

Raiz

Chá

Depurativo diurético

Azedinha

Oxalis Hirsutissima Mart. & Zuc.

Raiz e folhas

Chá

Limpeza de pele

Barbatimão

Stryphnodendron adstrinfens (Mart.) Coville.

Casca do caule

Chá

Diarréia, gonorréia.

Cajueiro

Anacardium occidentale L.

Casca e caule

Chá

Diarréia, diabetes,
cicatrização de fendas
e frieiras.

Calunga

Simaba ferruginea St. Hil

Raiz

Chá

Dores reumáticas
e machucaduras.

Fedegoso

Cassia occidentalis L.

Raiz e sementes

Chá e tintura

Problemas hepáticos e
doenças das vias urinárias.

Gengibre

Zingiber officinale Ros.

Raiz

Chá e Xarope

Combate à cãibra e gripes.

Jatobá

Hymenae courbaril L.

Casca do Caule e polpa

Chá e tintura

dores de estômago, do peito
e das costas, fortificante,
machucaduras e fraturas,
vômitos com sangue,
diarréia e cólicas

Paratudo

Tabebuia Caraiba (Mart.) Bur.

Casca do Caule

Xarope

Hepatite, anemia, verminose

Complementos:

A maioria dos cactos respira pelo caule Se as folhas são as responsáveis pela fotossíntese e respiração das plantas, então como é que os cactos respiram, se a maioria deles (99%) não têm folhas mas só espinhos? Embora os espinhos sejam considerados folhas modificadas (se transformaram para se adaptar às necessidades da planta), ao contrário das folhas, eles não apresentam os estômatos - que são canais existentes entre as células, cuja função é permitir a entrada de ar e a movimentação de vapor de água para dentro e fora da planta. Por incrível que pareça os cactos respiram mesmo é pelo caule, pois é nele que se localizam os estômatos. Em regiões muito secas, é comum a presença de cactos sem folhas. Aqui no Brasil, por exemplo, o mandacarú (Cereus peruvianus) é abundante na Região Nordeste. Nesses cactos, as funções de fotossíntese, respiração e transpiração são desempenhadas pelos caules. Outra curiosidade: como a quantidade de estômatos presentes nos caules dos cactos é pequena, pode-se dizer que esse tipo de planta respira menos do que outras mais folhosas.



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